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terça-feira, 10 de julho de 2012

Marcos Gabiroba - O valor de seu voto e em quem votar

Marcos Evangelista Alves "O Gabiroba" (Foto/Facebook)
Estamos a exatos 89 dias para as eleições municipais. O quadro sucessório aqui na terra de Tutú Caramujo já se apresenta definido. Teremos, Ronaldo Magalhães e Neidson Freitas como a chapa da situação? Damon Sena e Reginaldo Calixto como chapa de oposição, PV/PMDB? Roberto Chaves e Alexandre Banana, também como chapa de oposição, sangue misto PSDB/PT? E, finalmente, Ciganinho e Geraldo Solano, ambos do PSOL, como alternativa para quem não quiser votar nas outras opções. A democracia neoclássica brasileira permite a quem quiser candidatar, com apoios ou coligações, assim como também quem quer concorrer, por fora, de forma isolada.

Me lembro que alguns anos passados, Jota Santos, então um radialista de renome na cidade, resolveu, sozinho, enfrentar os principais concorrentes ao cargo de alcaide. Foi um fuzuê tremendo. Jota Santos, sem apoio nenhum e sem dinheiro, colocou seu nome a julgamento público, levado mais por sua popularidade, então, como radialista da rádio Itabira, onde prestava seus serviços e talento. A cidade ficou à espera do primeiro comício do Jota, mas este era sempre adiado. Até que chegou o grande dia, isto, três dias antes do pleito. O dia marcado para o único e grande comício programado, exatamente para ali, na praça Antônio Augusto de Campos Rosa – Nico Rosa.
 
Durante todo o dia, o burburinho era possível de se ver e ouvir. Chegada a exata hora, a praça estava totalmente lotada. Não havia espaço para se deslocar de um lugar para outro sem se trombar com alguém. Estava lotada mesmo, no sentido restrito da palavra. A curiosidade havia tomado sentido para se ouvir a proposta do então candidato.
 
José Natalino dos Santos "Jota Santos" (Foto/Heitor Bragança/Facebook/Diário de Bordo)
Iniciada a cerimônia de abertura do comício, por um abnegado locutor, amigo do Jota Santos, o povo passou a ouvir uma música aqui, outra acolá e assim foi durante mais ou menos duas horas, até que, enfim, lá pelas tantas, o esperado candidato assumiu o microfone e começou a enrolar daqui, a enrolar dali e, nada, absolutamente nada de positivo pôde o público saborear sobre sua plataforma de governo. Pôde sim, ouvir uma voz maravilhosa da qual era detentor, mais nada. Terminado o grande e majestoso comício, o povo deixou a praça, um tanto quanto decepcionado, mas a expectativa de ser ele bem votado, permaneceu, claro, deixando uma certa parcela de dúvida aos principais candidatos que, naquele mesmo instante se digladiavam em outras praças da cidade, vendendo seus alhos por bugalhos aos cautos e incautos expectadores e correligionários.
 
Resultado, ou moral da história: Jota Santos, ainda obteve oitocentos e poucos votos. Salvo erro de memória, o quarto ou quinto colocado no pleito geral.
 
Ao relatar essa história, quero expressar que, a pretensão dos candidatos do PSOL, Ciganinho e Geraldo Solano, é inteiramente nobre, nobilíssima, porém, no contexto atual em que anda a política itabirana esses dois abnegados e corajosos políticos e, os candidatos a vereador que, tal como os pequenos peixes do fundo do mar, vão enfrentar os tubarões da política itabirana neste importante momento de uma verdadeira renovação, para não deixarem morrer os princípios da ideologia do partido que os acolheu com carinho e, em especial os irmãos Jânio e Jackson, os fundadores da legenda nesta terra.
 
Mas, é importante também, ressaltar que o momento político é de muita reflexão. Para tanto, ousamos fazer algumas perguntas incômodas, perguntas estas nestes dias que antecedem o início das campanhas eleitorais que rondam cabeças pensantes do marketing político: como vender a imagem de um candidato e conseguir votos dos eleitores? Diante do atual noticiário sobre políticos nos meios de comunicação, quais alternativas para construir uma imagem, positiva?
 
Seria conveniente falar em honestidade como ponto principal de uma plataforma de campanha? Valeria a pena aliar os candidatos a compromissos com a ética? O público alvo levaria a sério uma declaração de princípios do candidato, colocando como prioridade sua luta contra a corrupção? Acreditaria o eleitorado em um juramento nos seguintes termos: "renunciarei ao mandato se houver qualquer referência a atos ilícitos em minha função pública?
 
Ou mais contundente seria uma promessa lavrada em cartório de que, se eleito, o candidato abrirá mão de verbas de representação e regalias a cada dia acrescentadas ao rendimento dos eleitos? O candidato, se eleito, aceitaria se contentar com metade do salário, numa demonstração que seu objetivo, sobre todos os outros, será produzir ações que visem a atender, tão somente a comunidade que o eleger? Ficaria mudo sobre acordos políticos para dividir o bolo depois? Juraria, de pés juntos, não fazer cara de santo nem negar de cara limpa diante da comprovação de atos imorais e desonestos que, porventura, possam aparecer ao longo de seu mandato? Cumpriria, com lealdade o juramento de posse em fiscalizar todos atos do governo, e, principalmente, fiscalizar o que é pago e quem é o beneficiado com a tal "reserva de contingência" que representa um valor absurdo e incalculável sem ter que prestar contas a quem quer que seja? Juraria, sob fé, que cumpriria e irá fazer cumprir a determinação da lei federal que obriga a todo poder público a publicar todos os gastos com salários, remuneração e penduricalhos para conhecimento do povo?
 
De toda forma, não é tarefa fácil a ser encarada pelos gênios do marketing político neste momento que vive o país. Ou, quem sabe, melhor seria o candidato nada falar ou prometer? Pelo menos não incomodaria ninguém. Finalmente, a última pergunta: "você acredita em Papai Noel? Em contos de fada?" Pense nisso e reflita bem sobre o valor de seu voto e em quem votar, não é mesmo?