Mãe das crianças abandonadas teria denunciado Conselho Tutelar por erro na condução do caso.
O Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente notificou o Conselho Tutelar de Itabira a prestar esclarecimentos sobre a abordagem feita às crianças que teriam sido “abandonadas” pela mãe, no Penha.
Três crianças, de 6, 8 e 9 anos, foram encontradas abandonadas em uma casa que não tinha nenhuma condição de higiene. No local havia panelas com larvas. No colchão onde as crianças dormiam havia urina e fezes dos 9 cachorros, oito filhotes, com quem dividiam a “cama”.
O banheiro estava impróprio para uso e até rato morto foi encontrado na residência. A mãe das crianças não estava em casa. Segundo uma delas, a mulher estaria na casa do namorado ou no trabalho e só voltaria no dia seguinte. Já o pai está detido no presídio de Itabira.
Porém, a mãe das crianças teria apresentado denúncia contra o Conselho Tutelar, alegando erros na abordagem até a retirada das crianças e ainda apontou algo mais grave. “Segundo a mãe das crianças, uma conselheira tutelar teria algum interesse particular em que essas crianças fossem retiradas da mãe. Haveria conselheiros envolvidos com a família do pai das crianças”, explicou o coordenador da comissão de sindicância do Conselho da Criança e do Adolescente, Anderson Barbosa Tassi.
“A comissão de sindicância convocou a conselheira para que fosse relatada a ação do Conselho Tutelar e solicitamos a apresentação de documentos que comprovem o que será relatado. Não podemos dizer ainda que o Conselho [Tutelar] agiu errado mas os documentos irão comprovar se houve ou não arbitrariedade na ação, que também foi uma das reclamações da mãe das crianças”, disse o coordenador da comissão, que também é conselheiro.
Questionado sobre qual teria sido o destino dado às crianças, Anderson Tassi disse que elas estão sob a guarda da avó materna, em Belo Horizonte. “Nós estamos apurando também as condições em que elas se encontram lá porque não temos essa informação. Elas podem estar na casa da avó e não estarem sendo tratadas da maneira correta e é isso que estamos apurando também. Precisamos continuar acompanhando essas crianças e solicitamos, por documento, o estudo social da situação delas lá”, disse ele.
“Quando há a comprovação de irregularidade [na atuação do Conselho Tutelar] é analisado o grau [da irregularidade] e aplicada uma punição, que pode ser advertência, ou suspenção de alguns dias [de trabalho] ou até uma exclusão”, explicou o coordenador.
Procurada, a conselheira tutelar que procedeu a retirada das crianças, Márcia Torres Lage Brunelli, negou que houvesse qualquer interesse pessoal na questão. “Jamais. Nenhum interesse. Nem como conselheira nem como pessoa. Jamais a gente quer fazer uma retirada. Porém, em virtude da situação em que as crianças se encontravam no dia, nós procedemos a retirada”, disse ela.
“Não tenho nenhum interesse [pessoal] neste caso. Não conheço ninguém desta família. Eu sei que tem algumas questões, segundo a mãe, de herança, que ela não é herdeira. A avó da criança é viva e enquanto ela estiver viva, nenhum deles é herdeiro. Então, se ela cita por este lado, não tenho nenhum interesse, jamais”, acrescentou ela.
A conselheira tutelar lembrou que a mãe das crianças já havia sido advertida pelas condições em que os filhos eram mantidos. “A mãe já recebeu algumas advertências por se mostrar negligente [com as crianças]. O conselho fez as requisições devidas, a família é assistida por toda a rede de atendimento do município. Mas não sei quantas foram as advertências. Sei que foram feitos alguns contatos e eles são atendidos pelo serviço técnico do município”, acrescentou ela.
Márcia Torres disse que, até o momento da entrevista ao Diário, ainda não havia recebido qualquer notificação para entrega de documentos comprobatórios da atuação na retirada das crianças, por parte do Conselho da Criança e do Adolescente. Ela garantiu que, assim que a documentação for solicitada, ela será imediatamente enviada.
Fonte: Jornal Diário de Itabira
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