quinta-feira, 3 de outubro de 2013

CULTURA:

TRIBUTO A DAMA DA ALEGRIA – Dona Dulce


Por Marconi Ferreira

Valter da Etagel (esq), de branco, Dona Dulce (*18/11/1931 +29/09/2013) em 1991, desfilando em sua Escola de Samba Unidos de Itabira, na Avenida Carlos Drummond de Andrade, em seus tempos áureos. (Foto/Arquivo Familiar)
 
Um turbante antes brilhante acaba de perder o brilho.
 
Um vestido de destaque de baiana está frio, pendurado em um cabide no canto de um guarda roupa qualquer Colares, plumas, paetês, como em um toque de mágica espalharam pelo chão.
 
Não mais ouviremos a voz da Dama da alegria, Não mais ouviremos os passos apressados de quem queria que tudo tivesse pronto para brilhar na avenida.
 
Não mais ouviremos: palavras de ordem de quem durante anos viveu fazendo um povo feliz.
 
Não mais ouviremos a voz mansa de uma mãe aconselhando
 
Não mais sentiremos o carinho de quem sempre soube acolher o povo sofrido
 
As maquinas de costuras que tanto trabalharam na confecção das fantasias, simplesmente silenciaram, perderam o comando.
 
Os adereços e alegorias estão  encostados no canto de um muro no fundo do quintal.
 
A Dama da alegria foi chamada com uma certa urgência para coordenar a Escola de Samba Unidos da Eternidade.
 
Acredito que o criador teve compaixão da Dama, que durante décadas  foi subestimada pelos incompetentes do poder que criminosamente baianizaram e  sepultaram uma das mais belas festas iniciada aqui em Itabira em 1974.
 
Só Deus sabe a luta!
 
A Dama da alegria insistiu incansavelmente.
 
Portas,  foram fechadas.
 
Ouviu muitas promessas e mentiras da corja que durante trinta anos prestaram tal desserviço com a nossa cultura.
 
Tenho certeza que a Dama da alegria entristeceu, morreu apaixonada.
 
A Dama da alegria cumpriu sua missão.
 
Vai amiga Dulce.
 
Vai ao encontro da sua filha amada. Eterna porta bandeira da Unidos de Itabira
  
Vai amiga Dulce, ao encontro de Dedé, Tuca, Zeferino, Tio Murilo, Beto, Serginho Sanfona, Baiandeira, e centenas de passista, compositores, percursionistas,  baianas e destaques que encantaram a gente simples da Mina.
 
Amiga, resta ainda Valtinho, Mestre Tobias, este seu amigo da Belinha, Raimundo João da Flor de Liz, Lulú da Juriti e seu inseparável amigo Bitinho.
 
Já sentimos saudades.
 
Vai amiga, ser destaque na Escola de Samba Unidos da Eternidade.
 
Uma bateria está ensaiando para tocar no momento de sua chegada.
 
Na passarela em que você irá desfilar, há uma luz que brilha dia e noite.
 
Muito breve, estarei assentado naquelas arquibancadas para cantar o refrão do enredo e aplaudir você.
 
Itabira chora a sua partida.
 
A eternidade ganha um grande destaque.
 
Dona Dulce (*18/11/1931 +29/09/2013) é sepultada no cemitério da paz, e recebe o último adeus, de parentes e amigos, que presenciaram o seu sepultamento, segunda-feira (30/09), com direito a despedida, através de aplausos, antes de ser enterrada. Dona Dulce,descanse em Paz! (Foto/Átila Lemos)  
 

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