segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Itabira terá acervo de 212 cartas e fotos de Drummond à mãe


O superintendente da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, Marconi Drummond Lage (Foto/Atila Lemos/Arquivo)

Um tesouro histórico da língua portuguesa está prestes a retornar a Itabira. Trata-se de um acervo de 212 documentos composto por cartas do poeta Carlos Drummond de Andrade para sua mãe, Julieta Augusta Drummond de Andrade e outros familiares e fotos. O material, que pertenceu a um jornalista de Lavras (MG), foi adquirido pela Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e terá apresentação formal dia 31 de outubro, em comemoração ao aniversário do poeta. 
 
O acervo será trazido para Itabira hoje, depois de uma cerimônia na Casa de Cultura de Lavras. O superintendente da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade, Marconi Drummond Lage, e a museóloga Lorena Nery irão a Lavras para receber o material. A fundação tomou conhecimento do acervo em setembro e desde então passou a trabalhar para adquiri-lo. O lote de documentos foi comprado do jornalista Eduardo Cicarelli, com quem estava há mais de 20 anos.
 
Marconi Drummond soube do material recentemente, depois que a existência das cartas ganhou o noticiário nacional. O superintendente explica que ficou extasiado e ao mesmo tempo surpreso quando um amigo falou com ele sobre as cartas. “Não é todo o dia que surge um lote de 212 documentos sobre um dos maiores poetas da língua portuguesa”, garante. Imediatamente, o superintendente entrou em contato com Eduardo Cicarelli para saber da possibilidade da aquisição, com o intuito de incorporar os documentos ao acervo da Fundação Carlos Drummond de Andrade. 
 
No início de outubro, Marconi Drummond esteve em Lavras para conversar com Eduardo Cicarelli e conhecer o material. Em contato com o Diário, Eduardo Cicarelli, que também é filatelista, revelou que adquiriu as cartas há mais de 20 anos, depois de participar de uma exposição de selos promovida pelo Banco do Brasil, no Rio de Janeiro. Um advogado amigo de Eduardo Cicarelli foi quem apresentou ao jornalista uma pessoa interessada em vender os documentos. O jornalista comprou o lote de cartas, na época por valor equivalente a R$ 20 mil.
 
Em 1997, uma década após a morte de Drummond, Eduardo Cicarelli tornou pública pela primeira vez a existência do material. De lá pra cá alguns pesquisadores tiveram contato com o material, e até propostas de compra para leilão foram feitas ao jornalista. “Um site de leilões da Inglaterra e um pesquisador francês entraram em contato querendo adquirir essas cartas. Mas não queria que isso saísse do país, ou que fosse leiloado. Eu queria que esse material ficasse em Minas, ou pelo menos no país, porque é um patrimônio nosso”, explicou.
 
A partir daí, Eduardo Cicarelli quis repassar o material para uma entidade que tivesse condições de disponibilizá-lo para exibição e pesquisa. Foi quando Marconi Drummond entrou em contato com o jornalista. “Foi tudo extremamente rápido, como acho que deve ser. E dois pontos foram decisivos para isso: o fato de a fundação ser uma unidade pública com condições de colocar esse material à disposição da população e de pesquisadores e também o fato de ser uma instituição que está na cidade natal do poeta”, argumenta Marconi Drummond. 
 
A essas palavras, Eduardo Cicarelli completa: “Sou tão apaixonado pelo Drummond que com 17 anos fui a Itabira. Estive em vários locais, fui ao centro histórico, visitei a casa do poeta. É muito gratificante saber que esse material estará na cidade natal de Drummond e que será disponibilizado para pesquisa”. O acervo foi adquirido por R$ 21 mil, cerca de R$ 100 reais por documento, uma bagatela em função da importância histórica e cultural do conjunto.

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