Entre os dias 21 e 25 de setembro, a superintendente da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), Cristina Magalhães, esteve no Rio de Janeiro e visitou instituições que são importantes referências no trabalho de preservação e difusão da vida e da obra de Carlos Drummond de Andrade.
Acompanhada pelo assessor cultural da FCCDA, Marcos Alcântara, Cristina Magalhães teve a oportunidade de conhecer e estabelecer novas relações com Instituto Moreira Salles (IMS) e a Fundação Casa Rui Barbosa. Além disso, visitou o neto de Drummond, Pedro Graña Drummond e conheceu o apartamento no qual o poeta itabirano viveu durante os anos em que morou na capital fluminense.
INSTITUTO MOREIRA SALLES
O Instituto Moreira Salles abriga importantes obras artístico-culturais em diferentes áreas: fotografia, música, literatura e iconografia. Na literatura, cartas, papéis, documentos diversos e livros compõem os acervos de arquivos pessoais de escritores como Otto Lara Resende, Erico Veríssimo, Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles e, claro, Carlos Drummond de Andrade.
O IMS é conhecido como incontestável difusor desses acervos. Nesse sentido, tem procurado estabelecer convênios e intercâmbios com universidades, brasileiras e estrangeiras, bem como outros museus e instituições culturais.
Sendo assim, durante a visita ao IMS, Cristina Magalhães e Marcos Alcântara tiveram a oportunidade de conhecer a coordenadora de literatura da instituição, Elvia Bezerra. Na busca por novas parcerias, falaram sobre a possibilidade de trocar experiências e compartilhar acervos, já que o IMS detém grande número de obras relacionadas a Maria Julieta, filha de Drummond. Também entrou na pauta a possibilidade de Elvia conhecer o trabalho realizado pela FCCDA e trazer a proposta do Clube da Leitura, um dos projetos bem-sucedidos do Moreira Salles, para Itabira.
Para entender como o projeto funciona, Cristina Magalhães e Marcos Alcântara, assistiram a palestra do jornalista Edmilson Caminha, ligada ao Clube da Leitura. Nela, Caminha conta um pouco da relação entre Drummond e o escritor carioca Antônio Carlos Villaça. Villaça é reconhecido como um dos mais importantes memorialistas em sua área no Brasil, tendo recebido, em 2001, pelo conjunto de sua obra, o Prêmio Machado de Assis, concedido pela Academia Brasileira de Letras.
Quando lançou o livro “O nariz do morto”, Villaça despertou em Drummond uma imensa curiosidade sobre o tal “nariz” definindo-o, num poema de mesmo nome (publicado em “Discurso de primavera”), como “duro e triste, machucante”. Assim, durante a palestra, Caminha ressaltou a proximidade entre as escritas dos dois autores, cheia de um humor discreto, ácido e perspicaz.
FUNDAÇÃO CASA RUI BARBOSA
Outro roteiro importante na visita dos itabiranos à capital fluminense foi a Fundação Casa Rui Barbosa. Lá, eles puderam conhecer os modernos sistemas utilizados para consulta ao acervo relacionado à obra drummondiana. Hoje, com aval dos netos de Drummond, a Casa Rui Barbosa é a principal guardiã de cartas, documentos, fotos, livros, primeiras edições, entre diversos itens relacionados ao escritor mineiro.
A ideia é que a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade e a Casa Rui Barbosa estabeleçam contato direto para intercambiarem informações e expandirem os trabalhos de difusão da obra do poeta maior. Para Marcos Alcântara “essa é uma oportunidade ímpar, já que a Casa Rui Barbosa se transformou em um centro de referência no que diz respeito à obra de Drummond. Assim, como primeiro passo dessa parceria, foi possível trazer a Itabira os fac-símiles de três poemas do livro ‘A rosa do povo’ para que os itabiranos conheçam ainda mais sobre seu conterrâneo.”
A estadia dos mineiros em terras cariocas se encerrou com um agradável encontro com Pedro Augusto e Luiz Maurício Graña Drummond, dois dos três netos de Drummond. Na oportunidade, eles conheceram o apartamento em que o itabirano viveu no Rio de Janeiro, bem como todo o acervo que os netos preservam, entre obras de arte de artistas como Portinari e livros originais que constituem a biblioteca pessoal do poeta.
Durante o encontro foi discutida uma futura parceria para dar continuidade, em conjunto com a família do itabirano, ao projeto “Museu Casa de Drummond”. Pedro sinalizou positivamente quanto ao plano museológico já desenvolvido pela FCCDA e mostrou-se animado quando a possibilidade de doar bens do avô para o acervo de futuro museu.
Ainda durante o encontro, Pedro doou para a FCCDA revistas com entrevistas e citações de Drummond, para o acervo do Memorial, e livros do autor para serem disponibilizados nas bibliotecas Maria Julieta e Luiz Camillo de Oliveira Netto.
Para a superintendente da Fundação Cultural “esse é um momento muito positivo para o desenvolvimento cultural de Itabira e para o fomento a obra de Drummond. Esse contato foi um importante passo para fortalecer o diálogo entre Pedro e a FCCDA. Ele é um parceiro indispensável quando pensamos em projetos voltados para a preservação da obra do poeta.”