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Alírio Batista de Oliveira, diretor e editor do jornal "VOX" (Foto/Heitor Bragança/Facebook "Diário de Bordo"/Arquivo)
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Entre aspas, mesmo.
Não conheço com intimidade a imprensa de outros lugares, senão a de Itabira; portanto, vou ater-me a focalizá-la, somente.
Faço parte desta imprensa desde 1995, quando retornei de Uberaba para minha terra natal, Itabira, começando por vender espaço publicitário para O Passarela, o mais antigo jornal de Itabira. Neste mesmo jornal, comecei, a convite do Feliciano, seu editor, a redigir alguns textos, chegando inclusive a dar alguns “pitacos” no Marreta na Bigorna, espaço crítico do periódico e exclusivo do seu editor.
Em sequência, escrevi para o saudoso Tribuna de Itabira, da minha amiga Sônia Silva. Com o amigo José Norberto de Jesus (Bitinho), no Impressão atual, comecei de fato a escrever com mais liberdade, mostrando mais minhas ideias de tendência esquerdista, fazendo entrevistas, vendendo espaços, me relacionando mais com os políticos da época.
Após o Impressão Atual, Bitinho criou o Jornal da Cidade, onde também fui colaborador.
Por cerca de três anos, talvez pouco mais, fui articulista semanal no Diário de Itabira, numa deferência do Müller à minha pessoa. Ali, também, nunca me faltou liberdade para escrever o que quisesse. Em verdade, uma ex-vereadora e seu companheiro pediram minha cabeça certa ocasião, depois de não engolirem uma crítica que fiz à atuação da parlamentar. Soube que foram até o editor/diretor do Diário, sem sucesso.
Comecei a trabalhar na Promocional, agência de publicidade, onde fiquei por dois anos e meio e cresci muito como profissional. Foram bons momentos.
Deixei de ser colaborador do Diário em virtude da constante censura que sofria da Comunicação da prefeitura, que não permitia qualquer crítica, mesmo crítica com o único intuito de ajudar o governo, do qual eu era simpatizante, alertando-o de equívocos. Mesmo a mais tímida observação poderia ser motivo de uma ligação da assessoria, lembrando-me que meu emprego na agência era político. O prefeito era Ronaldo Magalhães, que até acredito que não sabia desse detalhe.
Para sobreviver, escrevi para vários jornais, com textos demagógicos às prefeituras e câmaras das muitas cidades da região, em obediência às orientações dos seus editores.
Sentia-me escravizado.
Eram textos, em sua grande maioria, com total falta de qualidade, não havia como melhorá-los, porque a demagogia e as entrevistas realizadas (pelos donos dos jornais) engoliam qualquer tentativa nesse sentido. Fazia-se lanternagem no texto, mas os defeitos eram visíveis. A ideia era bajular o prefeito, o presidente da câmara, outros...
Digo tudo isso para culminar com a minha razão em escrever esse texto.
Hoje, vejo com muita decepção, um número crescente de pessoas que empunham um gravador, uma máquina fotográfica e começam a frequentar o meio. Criam sites, jornais impressos e blogues sem qualquer qualidade e se intitulam da imprensa. Há pessoas que, nitidamente, jamais leram qualquer livro, político ou clássico, que redigem mal, que não têm a mínima noção do idioma, que crescem à base de chantagens, de falarem mal dos outros sem fundamentos, de atingirem desafetos políticos no seu mais íntimo, seu lado pessoal, familiar, seu problema físico, enfim; sem ética alguma, elemento fundamental para o exercício da profissão.
Há vigorosos debates no meio jornalístico nacional quanto à necessidade do diploma de formação superior na profissão. No entanto, alguns grandes nomes da imprensa brasileira não têm esse valioso certificado, mas exercem com brilhantismo a magnífica arte de escrever.
Alexandre Garcia e Heródoto Barbeiro, por exemplo, apesar da formação superior, são tácitos em afirmar que para se exercer essa mágica profissão, é “somente necessário que se tenha conhecimentos gerais do tema que se aborda, e escrevê-lo bem, dominando o idioma pátrio”.
Fonte: Blog Filhos das Minas