Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade [Foto/Arquivo/Divulgação] |
Uma tradição no calendário cultural de Itabira,
a Semana Drummondiana chega à sua 15ª edição. Esse ano, a Prefeitura de
Itabira, a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade [FCCDA] e a Vale S.A
prepararam uma programação que se dedica à obra do escritor e ao fomento da
literatura.
Carlos Drummond de Andrade [Foto/Arquivo/Divulgação] |
A programação tem início nesta sexta-feira dia [28]
e apresenta atividades artísticas e literárias até o dia 31 de outubro. A
abertura oficial do evento será às 14:00 hs, na galeria da fundação cultural.
Com o intuito de promover um diálogo sobre
poetas do cotidiano, na sequencia da solenidade de abertura, acontece uma
homenagem aos poetas Newton Baiandeira e Carlos Drummond de Andrade com a Mesa
Redonda “A poesia do cotidiano na obra de Drummond e Newton Baiandeira”, às 15:00
hs, na galeria da Fundação Cultural. Participação especial dos itabiranos: Dadá
Lacerda, Karlo Kapo e Maurício Costa.
Serão discutidas questões sobre escritores que inspiram até hoje vários
poetas da cidade.
Encerrando as atividades do primeiro dia de
evento, Edmilson Caminha ministra a palestra “Elucinando Enigmas, Aprendendo
Contos”, às 19h30, na galeria da fundação cultural. O escritor comentará sobre
as obras “Claro Enigma” e “Contos de Aprendiz”.
Claro Enigma
Publicado em 1951, Claro Enigma nos mostra um
poeta mais amargo, voltado para questões mais reflexivas sobre a condição
humana. O Drummond social que se destaca na segunda geração modernista da
década de 1930, engajado em questões sociais em Sentimento do Mundo [1940], dá
a vez a um poeta mais introspectivo e filosófico nesta obra.
No final da década 1940 e início da de 1950,
período de criação dos poemas de Claro Enigma, a Guerra Fria e a ameaça de uma
bomba atômica atormentavam um mundo dividido em dois blocos: o capitalista,
liderado pelos Estados Unidos, e o socialista, encabeçado pela União Soviética.
Para o poeta Drummond, que sempre lutou pela liberdade, a percepção de regimes
ideologicamente tão distintos e a imposição da necessidade de se aderir a um
dos lados conduz à perplexidade e ao pessimismo. Sente, de forma angustiada,
que de qualquer maneira havia a opressão e o esmagamento do ser e do indivíduo
sucumbidos por ideologias tão diferentes e opositivas.
Contos de Aprendiz
Drummond não escreveu muitos contos ao longo de
sua carreira. Daí a importância de um livro como este “Conto de Aprendiz”.
Publicado originalmente em 1951 [mesmo ano de Claro enigma], o livro seria a
primeira investida em larga escala do autor numa obra de ficção. Antes,
publicara a pequena novela “O gerente” [que faz parte do volume] em uma modesta
edição. Os temas dos quinze contos giram praticamente na mesma órbita de grande
parte da poesia do autor: o memorialismo, o relato da vida acanhada no interior
do Brasil do início do século XX, a observação do cotidiano mais miúdo, uma
ironia gentil, a observação despida de qualquer sentimentalismo da inevitável
passagem do tempo. Tudo arranjado com delicadeza e inteligência.
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