segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Mesmo com 270 mortes fatais em Brumadinho – “PLR 2020 a 3,5 Salários”! “Eles insistiam em querer jogar nas costas dos trabalhadores a conta do crime cometido em ‘Brumadinho’”, disse o sindicalista


“Esses irresponsáveis atropelaram a negociação sindical”, criticou o André Viana

Presidente do Sindicato Metabase, André Viana (Foto/Acom Metabase/ Arquivo/Divulgação) 

Belo Horizonte/Mg - O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Extração do Ferro e Metais Básicos de Itabira e Região (Metabase) , vereador André Viana Madeira (Podemos) participou de uma reunião em Belo Horizonte com a direção da Vale S/A nesta quinta-feira (20), e ele ainda disse que essa reunião foi uma das mais difíceis discussões sobre o resultado da Participação de Lucros e Resultados (PLR). Já que a empresa “insistia em querer jogar nas costas dos trabalhadores a conta do crime cometido em Brumadinho e consequentemente enfiar a desculpa que a [Participação de Lucros e Resultados-] PLR seria praticamente zero”, criticou o André Viana.

André Viana definiu como “uma saga”. Afinal, foram reuniões, manifestações nas portarias das minas, paralisações de ônibus, detenção de diretor social, ex-presidente do Metabase (1997-2001) José Alberto Miguel “Negão” pela Polícia Militar (PM), e com diversas reuniões para obter a maior paciência de todos os tempos com a mineradora. Ainda de acordo com o sindicalista, a mineradora pressionou de todas as formas. Por meio de gerentes, a empresa espalhou notícias falsas sobre um suposto bônus salarial com a finalidade de amenizar o impacto da PLR quase zero. Isso dificultou ainda mais a discussão com os trabalhadores que se revoltaram nas minas. “Esses irresponsáveis atropelaram a negociação sindical, desrespeitaram o Acordo Coletivo de PLR e a própria diretoria da empresa. Onde estão estes gerentes para confirmarem o tal bônus?”, questionou o André Viana.

Em 2015, os sindicatos pediram ao menos a reposição da inflação. Mas a mineradora “enfiou um zero de reajuste garganta abaixo dos trabalhadores e agiu como agiota, literalmente, emprestando um salário para cada trabalhador se virar”. Ainda de acordo com o André Viana, em 2016, a empresa utilizando a mesma frieza e não fez o pagamento da PLR referente à 2015 complicando ainda mais a situação dos trabalhadores flagelados pela falta de reajuste salarial. André Viana reclama que passaram pela mesma pressão psicológica desta vez, com a possibilidade de PLR zero. “A reunião em BH [Belo Horizonte – Mg] foi tensa, complicada. Os representantes da Vale [S/A] tratam os trabalhadores responsáveis por todos os recordes de produção e lucros com o desprezo e descaso, um verdadeiro descalabro com a classe, mas ainda assim lutamos”, lamentou o André Viana.

Durante a reunião com a mineradora na capital mineira, foi verificado que a aplicação do painel de metas e da nota global a “1,33”. A Vale ainda colocaria os valores da participação nos lucros bem inferior aos anos anteriores. Depois de muita pressão dos sindicatos, a empresa cedeu e resolveu ajustar o painel de metas por meio de um aditamento no Acordo Coletivo de PLR de 2019, ocasionando um aumento substantivo. A Vale ainda registrou um prejuízo de “US$ 1,683 Bilhão”, em 2019, comparado ao lucro líquido de “US$ 6,860 Bilhões” em 2018. Mas, ainda assim, graças a forte e intensa pressão, a empresa vai pagar uma PLR média de “3,5 Salários”, em Itabira. André Viana ainda ressalta que a receita operacional líquida da mineradora foi de “US$ 37,570 Bilhões”, em 2019, que sofreu um aumento de “2,7%” em relação a quanto registrado, em 2018. Quando esse valor tinha sido de “US$ 36,575 Bilhões”. “Isso nos motivou a aumentar a pressão e  insistir no pagamento de uma [Participação de Lucros e Resultados-] PLR, recusando a possibilidade de uma remuneração próxima ao zero”, resumiu o André Viana.

A Vale já tinha informado nas últimas semanas que a produção de minério de ferro em 2019 já tinha sido “21,5%” menor do que a do ano de 2018, em “301,972 Milhões” de toneladas. “Um dos maiores fatores responsáveis por isso, todos sabem, foi o rompimento da barragem de Brumadinho, mas sempre afirmamos que as minas de Itabira não pararam e os trabalhadores mantiveram a linha de produção, evitando um prejuízo que poderia ter sido no mínimo o dobro, por isso merecemos o valor de [Participação de Lucros e Resultados-] PLR diferenciado do valor global [de 1,33]. O rompimento da barragem de Brumadinho, que deixou 260 mortos e 10 desaparecidos, teve forte influência nos resultados da Vale e a fez perder em valor de mercado, sabemos disso. Por outro lado, ela já recuperou o fôlego e recuperou a confiança dos investidores. Já conseguiu aliviar boa parte do impacto financeiro da tragédia e vai para um 2020 bem promissor, com expectativas positivas até 2023, segundo análises financeiras”, ressaltou o André Viana.

André Viana ainda afirmou que o pagamento da PLR deve injetar “R$ 40 Milhões” na economia Itabirana que são somados a expectativa do superávit Valia Benefício Definido (BD), de “10,1” suplementações que serão pagos em março aos aposentados e pensionistas que poderão ultrapassar os “R$ 70 Milhões”. O presidente do Metabase Itabira, André Viana ainda fez a questão de lembrar o protagonismo do sindicato como “papel fundamental nestas conquistas” e cita como exemplo a empresa Petróleo Brasileiro S/A (Petrobrás). “Teve lucro recorde e os trabalhadores estão incertos quanto ao recebimento da [Participação de Lucros e Resultados-] PLR, pois não há acordo com os sindicatos da daquela base”, esclareceu o André Viana. 

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