O Jornalista e escritor Zuenir Ventura participa do encontro virtual nesta quarta-feira (Foto/Arquivo pessoal/Divulgação) |
Itabira/Mg-Por
iniciativa do Instituto Cultural Vale chega a Itabira, aos 35 anos de
existência, um dos programas de incentivo ao hábito da leitura mais
prestigiados do Brasil, o “Sempre Um Papo”. E chega com propósito alongado:
traz com ele a primeira edição do Festival Literário de Itabira (Flitabira), em
data a ser definida.
Afonso Borges será o mediador do “Sempre um Papo-Itabira” (Foto/Infinito Fotografia/Divulgação) |
Como o programa vai acontecer virtual, devido
à pandemia, a live será gerada da cidade de Itabira, onde estará o criador do
projeto, Afonso Borges, numa forma inequívoca de demonstrar que o “Sempre Um
Papo” pertence à cidade, sem perder a geolocalização. Essa ação poderá ser
alterada seguindo as recomendações dos governos estadual e municipal quanto ao
deslocamento e isolamento social.
O evento terá a mediação de Afonso Borges,
idealizador do Sempre Um Papo. O encontro com Zuenir Ventura será nesta quarta-feira
(14), às 19h, com acesso gratuito e transmissão no Youtube, Instagram e
Facebook do Sempre Um Papo. A conversa contará com intérprete de Libras.
O “Sempre Um Papo – Itabira” é viabilizado com
o patrocínio do Instituto Cultural Vale, com recursos da Lei Federal de
Incentivo à Cultura, da Secretaria Especial da Cultura do Ministério do
Turismo. O projeto conta com o apoio da Prefeitura Municipal de Itabira (PMI),
por meio da Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA).
“Minhas
Histórias do Outros” (Cia das Letras)
Neste livro, Zuenir Ventura recorre às
recordações de amigos, cadernos de anotação e consultas a jornais e revistas
para preencher as lacunas da memória e apresentar personagens que conheceu,
como Betinho, Nelson Rodrigues, Brizola, Darcy Ribeiro, Drummond, Carlos
Lacerda, João Goulart, Leon Hirszman e quatro Antônios geniais — Houaiss,
Callado, Candido e Tom Jobim.
Em meio a lembranças pessoais e coletivas,
Zuenir retrata as mudanças comportamentais, políticas e sociais por que passou
o Brasil desde o começo dos anos 1950. Ele relembra experiências dolorosas,
como o assassinato de Vladimir Herzog na prisão, fala sobre o convívio com
Hélio Pellegrino na cadeia, sofre com a agonia e morte do amigo Glauber Rocha,
comenta dilemas éticos do jornalismo, como a decisão de não noticiar o suicídio
de Pedro Nava, expõe momentos surpreendentes, como o registro acidental que fez
da calcinha branca de Jacqueline Kennedy, e revela frustrações, como a
entrevista exclusiva que ele e Rubem Fonseca fizeram com Fidel Castro e que foi
proibida de ser publicada.
Nas
páginas de “Minhas Histórias dos Outros” desfilam momentos marcantes de um país
que alterna depressão e euforia, desencanto e esperança. Zuenir Ventura traça
um amplo painel que vai da ditadura militar à redemocratização, do atentado ao
Riocentro à anistia, da revolução sexual à chegada da Aids, dos anos dourados à
explosão do narcotráfico. São mais de sessenta anos de uma trajetória que
começa na faculdade, entre professores como Manuel Bandeira, Alceu Amoroso Lima
e Celso Cunha, continua nas redações de jornais, passa por Paris, Saint-Tropez,
Cannes, Sintra, Lisboa, Viena e Havana, segue pelos labirintos das favelas
cariocas e chega até a Amazônia, onde o jornalista conhece Genésio Ferreira da
Silva, testemunha chave da morte do líder ambientalista Chico Mendes. Para
impedir que o garoto fosse assassinado, Zuenir acolheu-o em sua casa e o
manteve sob sua tutela, dos 13 aos 21 anos. Nesta nova edição, revista e
ampliada, o leitor terá uma agradável surpresa: o final feliz dessa que foi a
mais difícil história das histórias de Zuenir.
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