Durante a votação, alguns vereadores criticaram a criação de 11 cargos comissionados na autarquia justamente quando ocorre o pedido de ajuda financeira ao Executivo
Rodrigo Andrade
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Os Vereadores: Bernardo Mucida (PSB), Geraldo Torrinha (PDT) e Paulo Soares (PSB), argumentaram sobre projeto (Rodrigo Andrade/De Fato)
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A Câmara de Itabira aprovou nesta terça-feira, 10 de dezembro, em primeiro turno, o Projeto de Lei de autoria do prefeito Damon Lázaro de Sena (PV) que autoriza repasse financeiro de R$ 4.735.000,00 da Prefeitura para a Itaurb. O dinheiro será usado para compra de veículos e equipamentos.
Durante a votação, vários vereadores se manifestaram. Alguns deles questionaram o fato de a Prefeitura ter liberado a criação de 11 cargos de confiança dentro da Itaurb justamente quando a autarquia pede reforço financeiro. O decreto foi publicado no Diário Oficial na quinta-feira passada, 5 de dezembro, um dia depois da reunião de comissões que liberou o projeto para a votação.
Bernardo Mucida (PSB) foi o que demonstrou mais insatisfação. Ele afirmou que entende a necessidade da Itaurb ter uma frota renovada, mas votou contra o projeto porque considerou a criação dos cargos “uma contradição gravíssima”. “Quem tá de pires na mão não pode aumentar gastos. Dinheiro não pode escorrer pelo ralo assim”, criticou.
Geraldo Torrinha (PDT) afirmou que o decreto foi uma infelicidade muito grande do prefeito Damon Lázaro de Sena (PV). O vereador ainda disse que seria a última vez que votaria na Câmara para dar reforço financeiro à Itaurb. “Tem que parar com isso”, exclamou. Tãozinho Leite (PP) também se manifestou contra a criação dos cargos, pedindo mais valorização a quem já trabalha na autarquia.
Outro que comentou sobre a criação dos cargos foi Lado de Dona Dudu (PMDB). Na semana passada, ele defendeu a votação urgente do projeto, mas não sabia do decreto que viria dias depois. “Fiz a defesa do projeto, mas depois tive essa surpresa negativa. Vou votar favorável, mas apenas em respeito a quem trabalha lá dentro”, disse.
Toninho da Pedreira (Pros), Palhaço Batatinha (PSDB), Ilton Magalhães (PR) e Zé Mauro da Farmácia (PV) defenderam o projeto, argumentando que a melhoria da frota proporcionará melhor prestação de serviço à comunidade e mais segurança aos trabalhadores da Itaurb. O líder do Governo na Casa, Paulo Soares (PSB), também falou da melhoria. Quanto aos cargos, ele disse que não está na direção da autarquia para poder avaliar a necessidade. “Não podemos criticar sem conhecer a realidade”, defendeu.
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Diretor Presidente da Itaurb Carlos Carmelo Torres "CAC" (Foto/Rodrigo Andrade/De Fato)
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Itaurb
De acordo com o presidente da Itaurb, Carlos Carmelo (Cac), o dinheiro repassado pela Prefeitura será usado para comprar 28 veículos, entre caminhões, tratores e carros, e dois equipamentos. Ele encarou com naturalidade o debate em torno do projeto. “Acho que o debate é normal, porque o projeto é de um valor alto, quase R$ 5 milhões. Então deve ser debatido mesmo, até a exaustão, para não restar nenhuma dúvida”, comentou.
Com relação aos cargos, o presidente da Itaurb afirmou que o pedido para a criação foi entre março e abril, mas que a tramitação foi interrompida por causa da greve dos servidores, durante as negociações para o acordo coletivo. “A necessidade existe. Por exemplo, o setor de limpeza urbana, que tem quase 400 funcionários e é o maior setor da Itaurb, é uma gerência só. Então, essa gerência está sendo criada. Outros são cargos menores, que seriam para supervisores e encarregados, para administrar pequenas equipes. A empresa está grande, cresceu. Há a necessidade dessas funções para acompanhar e, inclusive, prestar serviço de mais qualidade à população. Não foram criados cargos sem motivo”, argumentou.
Cac afirmou que ainda não há previsão para o preenchimento dos cargos, e que eles serão ocupados conforme a necessidade da Itaurb. O presidente ainda falou da situação econômica da autarquia. Segundo disse, a empresa não dá mais prejuízo. “No ano passado deu um prejuízo de mais de R$ 4 milhões. Este ano, nos primeiros meses, continuou com prejuízo porque os contratos eram os mesmos. Conseguimos corrigir alguns contratos que estavam defasados ao longo dos anos, especialmente o de limpeza urbana, que é o carro chefe da Itaurb. A partir de novembro, a empresa passou a ter superávit. Isso não foi por acaso. Nós trabalhamos para que isso acontecesse. Não caiu do céu, não foi um presente de Papai Noel. Houve uma intervenção grande, refizemos uma série de coisas”, concluiu.
Fonte: Site De Fato "On Line"