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terça-feira, 12 de agosto de 2014

A festa da Vale - Recorde histórico na produção:79,4 milhões de toneladas

Receita operacional líquida:US$ 9,9 bilhões

Empregados da Vale trabalham insatisfeitamente (Foto/ACOM Metabase) 
Esses são dois dos números com os quais a Vale festeja o resultado do 2º trimestre. A empresa afirma que o recorde histórico na produção de minério de ferro compensou a queda no preço e elevou a receita. Obviamente, o recorde também garantiu a lucratividade. 
 
Porém, a história está mal contada. Pois quem são os responsáveis diretos pelo “recorde histórico” na produção somos nós, os trabalhadores, que ralamos nas áreas operacionais  e nos escritórios. 
 
E quais foram o reconhecimento e a valorização da Vale em relação ao nosso esforço e dedicação? Mísero 1,5%  de reajuste. Quem está no piso receberá R$ 19,87 a mais em setembro. Quem ganha R$ 1.500 mais R$ 22,5; quem ganha R$ 2.000, mais R$ 30 e assim por diante no imperceptível aumento da maior produtora mundial de minério de ferro.


Reajuste nos salários: 1,5% - Nada a festejar

É o reajuste vinculado ao resultado. Manobra para mascarar o arrocho salarial implantado em novembro passado, época da data base, quando os salários foram reajustados em apenas 6% - simplesmente a reposição da inflação dos 12 meses anteriores, sem nenhum ganho real para proteger o poder de compra. De novembro/ 2013 até junho/2014, a inflação, medida pelo INPC/IBGE, acumulou 5,09%. O mísero 1,5% não recupera praticamente nada do prejuízo sofrido nos últimos 8 meses. 

Geramos US$ 19,40  bilhões (R$ 44,493 bilhões) de riqueza em 6 meses para sermos “recompensados” com 1,5% de reajuste. 
 
Já os acionistas receberam dividendos “preliminares” de US$ 2,1 bilhões.  Eis aí a valorização de “quem faz a nossa empresa”.


Próximo reajuste e projeção

Em novembro haverá o reajuste de 5,4%, vinculado à data base e em março de 2015 há a projeção de mais 1,5% vinculado ao resultado do 2º semestre deste ano.


Política de promoções - A maioria se ferra

O objetivo de um programa de promoções é incentivar, motivar, valorizar o trabalho em equipe  e, principalmente, reconhecer e fazer justiça à dedicação dos trabalhadores. Na Vale é o oposto: a maioria se decepciona, desanima e fica insatisfeita.

Neste ano, as reclamações encaminhadas ao Metabase aumentaram significativamente. Em todos os setores, os pontos comuns nas queixas foram a falta de transparência, de reconhecimento e a formação de panelinhas pela chefia. 

Trabalhadores denunciam que há cinco, seis ou mais anos não são promovidos. Obviamente, nesse tempo todo tiveram o desempenho avaliado de modo positivo, caso contrário, não estariam mais na empresa.  Por que, então, não recebem promoções? 

Porque a política de promoção da Vale foi elaborada como um instrumento de manipulação da chefia e para dividir os trabalhadores. Aos amigos das panelinhas, privilégios. Aos demais, a indiferença. Critérios claros de avaliação das competências inexistem. 

Exatamente o contrário do que diz um item da Cartilha dos Líderes - elaborada pela empresa - na parte o que o líder não deve fazer: não promova a competitividade e o favoritismo em sua equipe. A falta de coerência entre o que se prega e aquilo que se pratica é o que mais prevalece na política de recursos humanos.  
   
Se o programa tivesse um mínimo de seriedade, deveria haver uma promoção geral em reconhecimento ao “recorde histórico na produção de ferro que compensou a queda no preço e elevou a receita”. Mas, não. Na ausência total de critérios objetivos, a maioria dos trabalhadores se ferra com o injusto programa. Foco de insatisfação que aumenta ano após ano.

 
Reenquadramento dos Trainees 

Valeu a cobrança do Metabase. Os trainees, insatisfeitos, reclamavam que foram contratados pelo piso da Vale (R$ 1.325), felizmente, foram reenquadrados na faixa de operador.   A empresa reconheceu o erro grosseiro e a injustiça cometida contra esses profissionais que permaneceram um bom tempo realizando atividades de várias categorias recebendo salários menores. 


Por que não tem Grua no Cauê?

No silo ransey de Conceição (carregamento)  há um bom tempo montaram a Grua – equipamento para retirar o excesso de minério nos vagões. Além de eficiência, garante mais saúde e segurança. Já no Cauê, até hoje nada de Grua. Os trabalhadores questionam o porquê de tamanho descaso. Cadê a política de saúde e segurança que deveria ser igual para todos? Onde estão as Regras de Ouro?


Periculosidade

Atenção auxiliares de perfuratrizes   e escavadeiras, operadores de máquinas de pátio de carregamento e de escavadeiras que trabalham ou trabalharam nos últimos 5 anos com cabos energizados: favor fornecerem nomes e matrículas ao Departamento Jurídico do Metabase para ingressar na ação coletiva requerendo o pagamento  do adicional de periculosidade.


Pressão e acidentes

Operadores denunciam que nas minas aconteceram quatro acidentes com caminhões em menos de três meses. Por sorte, foram impessoais.  Claro que isso não é normal e toda anormalidade - principalmente quando coloca em risco a integridade física dos empregados – tem uma explicação e exige correções. Para os trabalhadores, a razão dos acidentes é o clima de pressão implantado pelo novo gerente. Já a correção do problema requer mudança de mentalidade com mais compromisso com a vida do que, pura e simplesmente, a ganância pela produção. 


Nem a segurança está segura

Gestores da segurança patrimonial e representantes da Prosegur foram assaltados quando realizavam inspeção na área da Vale. Foram rendidos e tiveram os pertences – celulares, máquinas fotográficas, relógios e rádios HT - roubados. Como o circuito de câmeras de vigilância estava com defeito, o fato, ocorrido na noite de 27 de julho, não foi registrado. 

A informação é do Sindicato dos Vigilantes de Minas Gerais que reivindica  melhores condições de trabalho para os vigilantes. Os gestores sentiram na pele os riscos que os vigilantes sentem em suas atividades na Vale, afirma o Sindicato.

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