A mudança tornará a oferta de produtos e serviços pelo
Facebook mais personalizada
(Foto/MARCELLO CASAL JR)
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A partir do dia 30 deste mês de janeiro, o Facebook, maior rede social do mundo, vai passar a adotar
novas regras relacionadas à privacidade dos usuários e à oferta de anúncios
publicitários. A empresa poderá obter mais informações sobre quem a acessa, a
partir de dados coletados por produtos que também são do Facebook, como Instagram e WhatsApp. Até mesmo o nível de
bateria do celular e a força do sinal da operadora utilizada serão conhecidos
pelo Facebook.
No FACEBOOK.com/about/basics/" target="_blank">página
criada para explicar as novas regras, o Facebook
aponta que as mudanças objetivam melhorar a experiência dos usuários com a rede
e garantir maior controle por parte deles. Assim, quem visualizar um anúncio
poderá saber o porquê de a publicidade ter aparecido na sua página clicando na
lateral da própria imagem. O internauta também poderá se negar a receber
informações de determinados anunciantes, ação que valerá tanto para o
dispositivo que está usando naquele momento quando para os demais, como
celulares, tablets e computadores.
A mudança tornará a oferta de produtos e serviços
mais personalizada. A principal ferramenta para isso está relacionada à
geolocalização. Os check-ins feitos pelos usuários quando estão em ruas,
estabelecimentos comerciais e outros locais poderão ser usados para o Facebook mostrar informações de estabelecimentos e amigos
próximos. Além disso, a empresa está testando a opção comprar, para que produtos
sejam adquiridos na própria rede.
Se, por um lado, as ferramentas podem dar mais
comodidade e facilidades aos usuários, por outro, os limites para o uso de dados
pessoais e a garantia de privacidade preocupam. “Você pensa que está usando um
serviço gratuito, mas você é o produto que eles estão vendendo, pois são as suas
informações que estão sendo comercializadas para outras empresas”, diz o
coordenador do Intervozes, Pedro Ekman.
A principal ferramenta para isso está relacionada
à geolocalização(Foto/Antonio Cru/Agência Brasil)
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O Facebook tem acesso a
cerca de 70 informações sobre os usuários, tais como cidade natal, páginas
visitadas, visões religiosas e políticas, atividades recentes, metadados de
fotos (hora e local em que foram feitas, por exemplo), configurações faciais,
número de telefone, endereço de IP, número de cartão de crédito, idade, o que se
olha na linha do tempo de outras pessoas, as mensagens trocadas e páginas que
visita.
A partir disso, a empresa elabora o perfil da
pessoa e pode oferecer a ela produtos, serviços e recursos que podem
interessá-la. Por outro lado, ela vende esse pacote de dados para clientes e
parceiros. Segundo o Facebook, a operação protege a
identidade pessoal. “Somente fornecemos dados aos nossos anunciantes parceiros e
clientes depois de removermos seu nome ou outras informações de identificação
pessoal ou depois de combiná-las com dados de outras pessoas de maneira que não
mais identifiquem você pessoalmente”, divulgou a rede social.
Mesmo que as regras sejam desconhecidas por parte
das pessoas que usam a rede, basta utilizá-la para gerar informações. A
Declaração de Direitos e Privacidade do Facebook,
disponível no site, diz que “quando você publica conteúdos ou informações usando
a opção Público, você está permitindo que todos, incluindo pessoas fora do Facebook, acessem e usem essas informações e as associem a
você”. Se desejar restringir o acesso aos dados, o usuário deve alterar quem
pode ver as suas ações na rede ou desativar todos os aplicativos da plataforma
em suas Configurações de Privacidade.
Com o Marco Civil
da Internet, contudo, o uso desses dados passou a ter regras. O marco
garante a privacidade dos usuários da internet, ao estabelecer que informações
pessoais e registros de acesso só poderão ser vendidos se o usuário autorizar
expressamente a operação comercial.
“Em qualquer operação de coleta, armazenamento,
guarda e tratamento de registros, de dados pessoais ou de comunicações por
provedores de conexão e de aplicações de internet em que pelo menos um desses
atos ocorra em território nacional, deverão ser obrigatoriamente respeitados a
legislação brasileira e os direitos à privacidade, à proteção dos dados pessoais
e ao sigilo das comunicações privadas e dos registros”, diz a lei que ficou
conhecida como a Constituição da Internet.
Segundo Pedro Ekman, o Marco Civil tornou ilegal
o acesso às informações privadas, como as mensagens trocadas diretamente e
privadamente entre usuários. “A gente tem que cobrar que os novos termos do
Marco Civil sejam de fato executados, que as empresas tenham que informar o que
estão fazendo, que não leiam as nossas mensagens privadas e que, ao encerrar a
relação com eles, eles excluam todos os dados que foram coletados na rede”.
Hoje, mesmo que o usuário opte por sair do Facebook,
suas informações ficam armazenadas por tempo indeterminado.
Privacidade total, contudo, não é mais viável, na
opinião de Pedro Ekman. “No limite, as pessoas têm que ir para outras redes
sociais que não usam e vendem seus dados”, opina ele, que cita como alternativa
a rede social Diáspora, plataforma livre que não guarda dados dos usuários. Ele
reconhece, contudo, que poucas pessoas conhecem plataformas diferentes. “O
problema é esse. A economia de rede faz com que você esteja onde todo mundo
está. Eles buscam concentrar a ação das pessoas em uma rede e não em várias”,
alerta.
Para quem não imagina mais o cotidiano sem as
redes sociais, a dica é conhecer as regras, optar por alterar suas configurações
de privacidade e evitar se expor em excesso. É o que diz o Instituto Brasileiro
de Defesa do Consumidor (Idec), que criou uma página com dicas de segurança. Cuidados com as senhas, uso de
criptografia, limpeza do histórico do navegador e atenção na hora de liberar
acesso aos dados por aplicativos são algumas das ações que podem ser feitas por
um usuário qualquer, mesmo sem conhecimentos aprofundados sobre a rede mundial
de computadores. (Agência Brasil)
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