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terça-feira, 18 de novembro de 2014

PELO FIM DA RUA COSTA E SILVA EM ITABIRA

Ponte Rio-Niterói pode ter nome mudado: de Costa e Silva para Betinho
 
O jornal O Globo de quarta-feira da semana passada trouxe notícia que mostra como está na ordem do dia a sugestão dO TREM, encampada pelo vereador Carlinhos Sacolão, de retirar de uma rua na Vila Santa Rosa o nome de Costa e Silva, general que decretou o infame AI-5, em 1968, que deu poderes à ditadura para arrebentar geral: prender, censurar, cassar, torturar, matar e outros verbos horripilantes.
 
O jornal carioca publicou que a Comissão de Culura da Câmara dos Deputados aprovou a mudança de nome da Ponte Rio-Niterói, que se chama Costa e Silva. Pela proposta, passaria a ter o nome do sociólogo mineiro Herbert Souza, o Betinho.
 
Sai um tirano, entra um humanista, lutador, solidário. Como se pretende em Itabira: sai o ditador e entra um bom itabirano, como o memorialista Chiquinho Alfaiate, a historiadora Terezinha Incerti, o pintor José Assunção, o escritor Robinson Damasceno, o cronista e advogado Arp Procópio...
 
O TREM enviou cópia da reportagem de O Globo (abaixo, na íntegra) a Renato Moreira, assessor do vereador Carlinhos Sacolão, para reforçar o trabalho de convencimento de alguns moradores da rua Costa e Silva, resistentes à mudança do nome do logradouro.



PLANTÃO O TREM/SITE O CAUÊ. 
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REPORTAGEM DE O GLOBO 

Comissão da Câmara aprova mudança de nome da ponte Rio-Niterói de Costa e Silva para Betinho

BRASÍLIA - A Comissão de Cultura da Câmara aprovou, na tarde desta quarta-feira, a mudança do nome da Ponte Rio-Niterói. Desde sua inauguração, levava o nome do presidente Costa e Silva, que dirigiu o país num dos períodos mais rígidos da ditadura, no fim da década de 60, quando foi editado o AI-5, que fechou o Congresso Nacional, cassou mandatos de parlamentares e instaurou a linha dura que culminou com torturas e desaparecimentos políticos. Pela proposta, de autoria de Chico Alencar (PSOL-RJ), a ponte passaria a ser oficialmente chamada de Herbert de Souza - Betinho, sociólogo que foi exilado e, após a anistia, se engajou numa luta de combate à pobreza e à fome. O projeto ainda será votado na CCJ da Câmara e, se aprovado, seguirá direto para o Senado.

O projeto atende a um apelo de movimentos de direitos humanos e vai na direção do que prevê o Plano Nacional de Direitos Humanos do governo federal, que estimula a alteração de logradouros públicos com nomes de autoridades ligadas ao regime militar. “A escolha do Betinho deve-se à sua incansável luta pelos direitos humanos no período ditatorial e pela sua condição de símbolo dos exilados e da anistia. Retornando ao país, Betinho empenhou-se pela dignidade das populações vulneráveis e foi incansável na luta contra a discriminação aos portadores do HIV”, justificou Chico Alencar no projeto.
 
Na comissão, o projeto foi relatado pelo deputado Onofre Santo Agostini (PSD-SC), que deu parecer contrário. Ele argumentou que Costa e Silva deixou relevante legado para todos os brasileiros com a "sua luta pela democracia e justiça social".
 
— De fato, Herbert de Souza merece ser homenageado pela nobre tarefa em favor dos desamparados. Mas a mudança da denominação da ponte não deve parecer um ato de confrontação ideológica. Não se apagam os grandes acontecimentos que sedimentam o passado sem desencadear ressentimentos ou emoções. Como o general Costa e Silva faz parte da história militar brasileira, Betinho deve permanecer em nossas mentes e corações como exemplo de vida — argumentou Onofre Agostini.
 
O parecer de Agostini, porém, foi derrotado por 6 a 1. Então, Agostini pediu verificação de quórum, antes de ser votado o parecer contrário ao seu, relatado por Jandira Feghalli (PCdoB-RJ). Se fosse verificado o quórum - que é a contagem para verficiar se há número mínimo de deputados inscritos - a sessão cairia. Os deputados presentes convenceram Agostini a suspender o pedido de verificação. Assim, também por 6 a 1, o relatório de Jandira foi aprovado. A deputada lembrou que muitas escolas batizadas com nomes de antigos militares desse período já mudaram de nome.
 
— Não cabe mais homenagem a indivíduos que, notadamente, tenham cometido crimes e perpetrado violações de direitos humanos no período da ditadura. É necessária a reconstrução da narrativa oficial. Nada mais justo à memória de Betinho e à memória do povo brasileiro a mudança do nome da atual ponte — defendeu Jandira Feghali.
 
A presidente do grupo Tortura Nunca Mais, Victoria Grabois, comemorou a aprovação pela comissão de Cultura da mudança do nome da ponte.
 
Ela disse que a esperança agora é que o projeto tramite rapidamente pelas demais comissões da Casa, a tempo de ser aprovado em plenário antes do fim do ano legislativo. Victoria teme que, se o projeto ficar para a próxima legislatura, ele acabe engavetado.

— Eu acho maravilhoso que isso tenha acontecido. Já é uma grande vitória que tenham aprovado a retirada do nome de um ditador para colocar o de uma pessoa que lutou pela democracia e pela justiça desse país. Mas não sei se dará tempo de aprovar nesta legislatura. A composição do novo Congresso tem uma tendência direitista e conservadora.
 
O presidente da Comissão da Verdade do Rio, Wadhy Damous, classificou a decisão de “uma vitória simbólica da democracia brasileira”, uma vez que, na opinião dele, a permanência do nome do presidente Costa e Silva é “inaceitável”.
 
— Considero uma ótima notícia, que conta com meu integral apoio. Betinho foi um grande brasileiro. É inaceitável ainda termos ruas, pontes, escolas com nomes de ditadores, de pessoas que atentaram contra a democracia e os direitos humanos. Isso é deseducativo. Dá a entender que cultuamos e homenageamos ditadores.

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