O Serviço Móvel de Atendimento de Urgência (Samu)
completou, no dia 14 deste mês, dez anos em Itabira. Desde a inauguração, em uma
casa adaptada e alugada no bairro Pará, muita coisa mudou. A equipe aumentou, a
base foi transferida para uma sede própria no Centro, os equipamentos se
modernizaram e o atendimento ficou melhor. Considerado pré-hospitalar, o Samu
trabalha em sintonia com o Pronto-Socorro Municipal de Itabira, porta de entrada
de urgência e emergência de várias cidades da região.
O médico Júlio Lage é coordenador geral do
serviço em Itabira desde o começo. Ele afirma que todos os 80 profissionais que
se revezam nos plantões trabalham de forma integrada e cooperativa, para dar
conta dos 2,5 mil atendimentos por mês. “Nossas ocorrências mais frequentes são
casos clínicos, como crise convulsiva, desmaios e casos de traumas mais comuns:
quedas, quedas de própria altura e acidentes de trânsito, principalmente
envolvendo motos. Moto é campeã de acidentes; queda, colisão, atropelamento a
gente atende com muita frequência”, afirma doutor Júlio.
Nestes dez anos de funcionamento, ele conta
também que o Samu ganhou muito em tecnologia, capacitação e experiência na
identificação de trotes. Antes as equipes perdiam muito tempo atendendo chamados
falsos. Hoje, com um sistema de informática aperfeiçoado e pessoas treinadas, o
prejuízo reduziu a quase zero. Por outro lado, os trotes continuam. São cerca de
700 por mês – e não apenas de crianças.
Apesar da característica municipal, o Samu é
regional e atende ocorrências em várias cidades, incluindo as rodovias estaduais
e federais. São três ambulâncias para suprir todos os chamados, divididas entre
unidades de suporte básico e suporte avançado. A unidade básica é composta por
um condutor-socorrista, que dirige e também ajuda no atendimento, e dois
técnicos de enfermagem. A unidade avançada conta com um médico, um enfermeiro,
um técnico de enfermagem e um condutor-socorrista.
Na base do Samu, além da central de atendimento
telefônico (as equipes não atendem pacientes no prédio, só nas ambulâncias), há
também uma sala de desistresse, construída por indicação de uma psicóloga. É
onde os profissionais assistem TV, acessam internet e descansam enquanto esperam
o telefone tocar. “Tínhamos casos de depressão. Hoje a pessoa consegue
extravasar. Isso foi uma orientação de uma psicóloga e a gente seguiu”, afirma o
médico. A sala ajuda a manter a qualidade no ambiente de trabalho. “É um serviço
estressante. A gente lida do nascimento à morte. Tem a felicidade de salvar uma
vida, mas também a frustação de não conseguir. Por isso temos de estar muito
próximos um do outro”, ressalta.
Informação
completa
Uma informação que o coordenador fez questão de
frisar durante a entrevista a DeFato Online tem a ver com os
dados fornecidos pelo solicitante na hora da ligação. Segundo ele, muitas vezes
a pessoa fica ansiosa quando a telefonista pede informações e quer falar logo
com o médico. Há casos também em que o solicitante, ao falar com o médico ao
telefone, acha que o profissional está perguntando demais e perdendo tempo.
O coordenador explica que as informações precisam
ser passadas com calma para que os profissionais tomem a melhor decisão: se será
preciso enviar uma unidade básica, avançada, ou se com algumas orientações por
telefone o problema pode ser resolvido. “É importante que a pessoa, quando liga,
mantenha a calma. Para quem está do outro lado da linha, tudo é uma emergência.
Mas nós temos que priorizar cada caso, porque são apenas três ambulâncias”,
explica.
Futuro
Nos próximos anos, a expectativa é de mais
mudanças no Samu. Desde 2013, com a consolidação do Consórcio Aliança pela Saúde
(Cias), Itabira passou a fazer parte da chamada região Macro Centro, que reúne
104 municípios e mais de 6 milhões de pessoas. O município não vai perder
ambulância, assegura o médico. Mudará apenas a característica do serviço. Se
antes o Samu era tido como municipal, agora será integrado. Com o Cias, João
Monlevade, Guanhães, Ferros e Barão de Cocais também terão bases, com salas de
estabilização e equipes. Mudará também a central de regulação, que será
transferida para Belo Horizonte após um período de transição e adaptação. O
objetivo é tonar o atendimento mais integrado e eficiente.
Fonte: Site DeFato "OnLine"
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