No relatório do 1º trimestre, a Vale destacou o forte desempenho operacional como fator fundamental para a manutenção de sua lucratividade. O lucro líquido foi de R$ 5,9 bilhões - 4,7% menor do obtido no 1º trimestre de 2013. A diminuição é explicada pelas quedas nas vendas e no preço do minério, mas mesmo assim 5,9 bilhões é muito dinheiro.
A empresa exaltou a produção de 71,1 milhões de toneladas de minério de ferro como o melhor desempenho para um 1º trimestre desde 2008 e afirma que ela “diminuiu em comparação ao 4º trimestre de 2013 devido às paradas programadas para manutenção.” Trecho interessante do relatório diz que “movemos cerca de 3 Mt dos 71,1 Mt de produção ao longo da nossa cadeia produtiva para dar maior flexibilidade e suportar maiores volumes de vendas nos próximos trimestres.”
Ora, o que se conclui com toda clareza é: MAIS DO QUE NUNCA OS TRABALHADORES SÃO PEÇAS-CHAVE PARA A OBTENÇÃO DOS LUCROS QUE DEVERÃO AUMENTAR AO LONGO DO ANO MESMO EM UMA SITUAÇÃO DE MERCADO ADVERSA PARA A VALE.
O lado triste da história é que o esforço e a dedicação dos empregados não são reconhecidos. Os números comprovam de modo incontestável que os trabalhadores fizeram - como sempre fazem – a sua parte. No entanto, o “reconhecimento” da Vale é sempre o aumento da exploração como aconteceu no último Acordo Coletivo quando, mesmo diante da demonstração de insatisfação dos empregados, ela arrochou os salários com reajuste de apenas 6%, sem praticamente nenhum ganho real para compensar a produtividade.
Com muito suor, rodando turno, assediado pela pressão por mais produção, ameaçado pelas Regras de Ouro, o trabalhador da Vale a tudo supera, produz imensa riqueza que gera lucros exorbitantes que fazem a festa dos acionistas, mas pouco ou quase nada desfruta de tudo isso. DÁ RESULTADO, PORÉM, É VORAZMENTE EXPLORADO!
Gatilho de geração de caixa
O Metabase reúne-se nesta quarta, 14 de maio, com o RH da Vale. Em pauta a análise dos resultados alcançados pela empresa no primeiro trimestre. Com base nos valores da geração de caixa é que poderão ser concedidos os reajustes de até 1,5% por semestre (gatilho de geração de caixa), limitado ao total de 4% durante 2 anos.
Para que o reajuste alcance 1,5% no mês subsequente à divulgação do resultado do 1º semestre de 2014, o aumento no gatilho de geração de caixa tem de ser igual ou superior 15% da média da geração de caixa dos 1º semestres de 2009, 2010, 2011 e 2012 calculada em US$ 5,093 bilhões. Como neste primeiro trimestre a geração de caixa foi de US$ 4,058 bilhões, o reajuste de 1,5% está praticamente assegurado, provavelmente em setembro.
Os reajustes vinculados aos resultados foram uma artimanha elaborada pela Vale para adiar a aplicação do aumento real (reajuste acima da inflação) na data base (novembro de 2013) e manter o arrocho por mais tempo.
O Metabase sempre cobra da Vale uma política mais agressiva de promoções para não só minimizar o arrocho salarial, mas também para motivar e reconhecer o esforço dos empregados. Além disso, inúmeros trabalhadores há anos não são promovidos – uma injustiça que precisa ser reparada. Conversas nas áreas afirmam que as chefias fazem levantamentos de nomes para a movimentação de promoções. Tomara que realmente sejam praticadas contemplando número maior de trabalhadores. De qualquer forma continuaremos reivindicando.
Vale-alimentação só para uns
Trabalhadores da Progen estão insatisfeitos com uma possível discriminação. O fornecimento de vale-alimentação é só para alguns funcionários, não para todos. Segundo eles, tudo é feito na surdina e aqueles que recebem são orientados a nada comentarem para o restante não reivindicar o benefício. É uma situação que, no mínimo, deve ser investigada pelos gestores. Se isso estiver ocorrendo é uma grave irregularidade a ferir o princípio da isonomia. Aliás, o não fornecimento do vale-alimentação é motivo de grande insatisfação dos empregados que alegam que, entre as terceirizadas, a Progen é uma das poucas a não conceder o benefício.
É grande a apreensão do pessoal que trabalha no prédio da mina de Periquito, principalmente à noite. Como há pouca iluminação e poucos seguranças, aumentou muito as ações de ladrões que invadem o estacionamento para roubar equipamentos dos veículos. O receio é que os marginais acabem invadindo o prédio colocando em risco a integridade dos trabalhadores. Eles reivindicam aumento dos seguranças e melhora na iluminação.
Trabalhadores da empresa Miplan, em Conceição, na montagem eletromecânica, reclamam contra o não pagamento do adicional de periculosidade uma vez que estão expostos e trabalham com tensão elétrica. O curioso é que os mesmos serviços já foram realizados pela Enesa e a periculosidade era paga. Cada vez mais a exploração na terceirização da Vale aumenta. Seria bom a Miplan ser menos gananciosa e pagar o que é de direito dos empregados. É bom também colocar as barbas de molho, pois está gerando um passivo trabalhista. Onde tem eletricidade a Justiça sempre determina o pagamento da periculosidade. Recentemente o Metabase ganhou duas ações judiciais para eletricistas da Vale que, como contratante, deveria exigir da Miplan o cumprimento desse direito, mas, pelo visto, faz vista grossa.
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