Banner 728x90

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Marcelo Melo - Meus amigos, e nada mais… Uma entrevista exclusiva que fiz comigo mesmo!

Jornalista monlevadense  Marcelo Manuel de Melo, autor do livro: “A Saga: Memórias de um Jornalista do Interior”, faz entrevista exclusiva com ele mesmo (Foto/Arquivo Pessoal/Facebook)

Qual minha relação hoje com João Monlevade?
 
- Politicamente, nenhuma.
 
 
Posso um dia retornar à minha cidade natal?
 
- Só se não tiver como me sustentar em outro lugar. Do contrário, não pretendo.
 
 
Qual minha relação com aquela cidade que nasci?
 
- De amor e ódio, por enquanto.
 
 
E o que ainda me prende a esta cidade?
 
- Meus amigos, e nada mais. Além de minha esposa, obviamente, que ainda mora lá. Porque meus filhos, graças a Deus, moram fora.
 
 
Tem um novo sonho?
 
- Sim, lançar um novo Livro em 2015 e que cuja proposta é contar histórias, entre causos e crônicas que presenciei ou que vivi em Monlevade, como também aqui de Lavras Novas, com fatos e personagens reais. Um sonho que pretendo torná-lo real, assim como foi com “A Saga”. Peço a Deus saúde para isto.
 
 
E como vê Monlevade, politicamente?
 
- Mesmo de longe, acompanho os fatos e vai de mal a pior em termos de lideranças. Nada de novo e isso se repetirá nas eleições municipais de 2016. Monlevade é como o futebol brasileiro, só regredindo, onde as necessidades básicas dão lugar às vaidades pessoais.
 
 
Mas não poderia surgir uma novidade, um nome fora do contexto verde e vermelho?
 
– Duvido. No final, juntam-se os trapos. Somos hoje um povo cujo lema é ganhar dinheiro, progredir verticalmente e dar pipocas aos gorilas. Teria de ser eleito um prefeito com visão futurista e sem rabo preso com o sistema.
E no contexto cultural?
 
– Uma lástima. Sem perspectivas de melhoras. Hoje nem mesmo a empresa-mor da cidade, a ArcelorMittal, tem mais compromisso neste setor com a população. O indiano deixou perder esta identidade e a relação empresa/comunidade nunca foi tão fria. Éramos felizes e nem sei se sabíamos.
 
 
Mas, além de ter deixado Monlevade para trás, com objetivo de concluir meu projeto literário, algo mais fez afastar do município?
 
- Inicialmente, sim, foi para acabar de escrever o Livro. Vim para Lavras Novas para ficar uns quatro, cinco meses. Mas sabia que não iria mais voltar. Deus me trouxe para um lugar santo, mágico, de gente simples, culta e hospitaleira. Com seus problemas, como em qualquer comunidade que se preza, mas de um calor humano imensurável. E fui ficando e hoje não estou, sou morador deste lugar. E que é distrito de Ouro Preto, uma cidade pela qual sempre fui apaixonado. Mas Monlevade, a quem devo muita gratidão, tem um mal que vem do seu povo: não tem raízes, não valoriza os seus filhos naturais, cheio de emergentes que se acham “donos” e na verdade são donos de merda nenhuma. Uns bossais metidos a bestas que acham que podem tudo através do poder econômico. É uma minoria, eu sei, mas que age praga e nada produz à cidade, mas infesta seu veneno. Gente hipócrita. Nunca valorizaram os homens que tanto fizeram por esta cidade, com raríssimas exceções. Eu poderia citar aqui uma lista enorme de injustiçados, mas deixo pra uma outra oportunidade.
 
 
Você parece revoltado?
 
– Não. Afinal Monlevade hoje não me pertence mais (rs). Mas deixei minha obra, através do “Morro do Geo”, por exemplo, hoje com o Site no ar. E agradeço às pessoas que tanto me ajudaram nessa proposta, de fazer resgatar a nossa história, que não está mais perdida. De falar de gente comum, simples, que tanto fez pela nossa cidade. E saber que uma entidade como a ACIMON – Associação Comercial e Industrial -, tem em seus arquivos um acervo de som e imagem grandioso, gravadas em fitas K7, contendo entrevistas com diversas pessoas que participaram da história de João Monlevade, cujo trabalho foi feito por mim, pela Renata Domenicci e pelo Peterson Machado (ambos na época estudantes da Funcec e estagiários na ACIMON), em 1999. Saíamos em meu carro próprio, sem ajuda nem de combustível (a não ser quando pegávamos a estrada para BH), e fizemos excelentes reportagens. Tudo filmado. E será que as gravações estão conservadas, pergunto ao economista da Ademon, Ricardo Torres, que foi o coordenador do projeto? Ou já foram sucateadas? É muita memória ali guardada. Me respondam, por favor. (Pausa).
 
 
Marcelo, mais alguma coisa?
 
– Não, por enquanto não. Mas prometo voltar a falar em uma outra oportunidade. Obrigado e grande abraço aos meus amigos monlevadenses.
 
 
Fonte: Blog do Leunan 13/07/2014
 

Postagens relacionadas:
 
 

Nenhum comentário: